Chuchar no dedo

Nos primeiros anos de vida, chuchar no dedo não é um mau hábito, é uma necessidade.

Parafraseando Brazelton "chuchar no dedo é um padrão saudável de auto-conforto". Convença-se que tal hábito é mais um passo no desenvolvimento do seu filho. Finalmente ele aprendeu a reconfortar-se sozinho, é um passo na conquista da sua independência.

Chuchar no dedo é uma espécie de consolação que a criança necessita em determinadas ocasiões. Fá-lo quando está cansada, quando se sente aborrecida ou quando tenta adormecer, sem que isso signifique necessariamente que tenha problemas emocionais.

Na grande maioria dos casos, a criança perde esse hábito antes do aparecimento da segunda dentição. Porém, a mudança não se opera súbita e definitivamente. Na maior parte das vezes, esse hábito tende a desaparecer durante um certo tempo, depois regressa, embora menos marcado, durante uma doença ou uma fase de mudança na vida (a entrada na escola, por exemplo). Evite insistir nesses momentos. A tendência acabará por desaparecer por completo, mais raramente antes dos 3 anos e mais frequentemente entre os 3 e 6 anos.

Os pais desempenham um papel fundamental neste processo. Muitas vezes, a sua ansiedade pode levá-los a sobredimensionar a questão, gerando mais tensão e, em vez de fazer desaparecer o hábito, acabam por intensificá-lo.

Para alcançar o êxito, é preciso admitir que o protagonista é uma criança e, como tal, é ela quem deve modificar a situação e participar ativamente em todo o processo.

Algumas dicas para ajudar o seu filho a abandonar este hábito:

– Resista ao impulso de lhe tirar o dedo da boca. Ao invés, peça-lhe para mostrar o seu lindo sorriso ou para falar sem o dedo na boca, porque assim não entende o que diz.

– Respeite a forma que o seu filho escolheu para se confortar sozinho.

– Evite comentários negativos que o possam humilhar, do género "És mesmo um bebé!". As críticas poderão fragilizar o seu filho e afetar a sua autoestima.

– Não dê grande importância ao assunto. Diga-lhe apenas que ele acabará por ser suficientemente crescido para perder esse hábito. Esse encorajamento amistoso pode fazer surgir na criança o desejo de perder o hábito.

– Proponha-lhe atividades que envolvam as duas mãos.

– Não poupe elogios e recompense-o se for bem-sucedido.

Se o seu filho é mais crescido, ele próprio terá vontade de deixar de chuchar o dedo e aceitará colaborar:

– Estabeleça amigavelmente um limite temporal.

– Recorra à chamada "terapêutica da lembrança". Por exemplo, proponha-lhe colocar um adesivo colorido em volta do dedo que ele mete na boca de forma a que ele possa lembrar-se que não deve fazê-lo. Ou então acordem um "sinal que só vocês conhecem" e quando o vir chuchar o dedo, estabeleça contacto visual com o seu filho e faça o combinado.

– Explique-lhe que os dentes podem ficar tortos. Ir ao dentista pode deixar os pais mais descansados e ser um elemento dissuasor para a criança.

– Quando o chuchar é contínuo, pode tratar-se de uma manifestação de insegurança, de uma má adaptação ao meio e a diversos medos: do escuro, dos animais, a separar-se dos seus pais, a entrada na escola ou o nascimento de um irmão. Nessa altura, é aconselhável que consulte o seu pediatra.

Susana Nunes, interna complementar de Pediatria

In http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=10376231190E3A1FE0440003BA2C8E70&opsel=2&channelid=0