Aos dois anos de idade, verificamos no nosso colégio particular, que a criança está capaz de dar largos passos na conquista da sua autonomia e é notório o seu desejo de independência em determinadas tarefas. O “comer sozinha” é uma delas.
É frequente que exista por parte dos pais alguma angústia pelo facto da criança manifestar comportamentos inapropriados à mesa, tais como “sujar tudo” ou deitar o seu prato ao chão. Mas no final de contas tudo o que a criança precisa é de compreensão e tempo.
A criança está a copiar uma ação que vê ser realizada pelo adulto e deseja fervorosamente fazê-la sozinha. É comum que no contexto de Creche a criança copie igualmente o comportamento dos colegas e, como tal, esmague a comida, vire o prato contra a mesa ou atire a sua colher para o chão. O gesto de virar o prato ou atirar a colher ao chão podem simplesmente significar que a criança quer dizer “acabei a minha refeição, não quero mais”.
Enquanto explora a melhor forma de utilizar os talheres, a criança pode sofrer frustração caso o adulto a pressione a corrigir as suas opções. Por exemplo, se o adulto aconselhar a criança a utilizar a colher e não o garfo para comer as ervilhas que tem no prato e a repreender, a criança poderá rejeitar as ervilhas, colocando-as de parte. Nesta perspectiva será vantajoso deixar a criança continuar a sua exploração livremente, evitando que a alimentação se torne uma experiência desagradável. Esta atitude por parte do adulto não será mais do que respeitar o tempo da criança e as suas opções. Ela acabará por aprender por si própria, quando assim se proporcionar.
É necessário saber esperar que a criança tenha boas maneiras à mesa e, com frequência, esta fase não dura mais que um ano.
Com os alimentos que a criança rejeita há que ser igualmente paciente, não forçando a sua ingestão. Em contrapartida o alimento não deve desaparecer da sua dieta, estando disponível para a criança o experimentar. Tal como afirma T.B Brazelton (2009), se os pais continuarem a pressionar a criança, é provável que estejam a desencadear problemas alimentares para toda a vida.
Quando chegar ao Jardim de infância e, mais tarde, ao 1º Ciclo, a criança estará apta a utilizar os talheres de uma forma perspicaz e a respeitar as regras das refeições.
Ms Joana Brandão