Hoje em dia as nossas crianças estão rodeadas de brinquedos extremamente apelativos, embora na maior parte das vezes muito pouco educativos.
Como Educadora de Infância a trabalhar atualmente num jardim de infância, constato que todos os dias as crianças trazem no mínimo três brinquedos novos, e, dentro desta lista de brinquedos, encontramos DVDs portáteis, jogos portáteis, entre outros. Mas quando chega a altura da “brincadeira livre” não conseguem brincar e ficam sentados no tapete, ou mesmo ao pé do adulto a observar o que está a fazer, ou então, passam o tempo a tirar os brinquedos aos colegas.
O que aconteceu aos tempos em que as crianças brincavam ao “faz de conta”, em que as crianças tinham um tempo que era só seu e onde os adultos não entravam?
Brincar é a atividade mais comum da criança e essencial para o desenvolvimento saudável. Este ato proporciona o desenvolvimento cognitivo, físico, social, e bem-estar emocional das crianças desde a creche até ao secundário, além de ser uma forma importante de comunicação.
Alguns autores, entre eles, Del Prette, defendem que a brincadeira oferece à criança a oportunidade para:
- mostrar as suas características, os seus sentimentos, desejos que muitas vezes não consegue expressar através da fala,
- desenvolver a imaginação e criatividade,
- aprender a controlar o ambiente e seu comportamento neste meio,
- fortalecer suas habilidades sociais, ou seja, “diferentes classes de desempenho social no repertório do indivíduo para lidar de forma competente com as demandas das situações interpessoais” (Del Prette & Del Prette, 2001, p.31). Como exemplos de algumas habilidades temos: assertividade, empatia, autocontrole, expressividade emocional, habilidades sociais académicas, entre outros,
- estimular a interação com o mundo.
Ao brincar, a criança revive eventos que foram significativos, mostrando os seus sentimentos, comportamentos e dificuldades relacionadas a algumas situações. O ato de brincar permite que a criança procure soluções adequadas para estes comportamentos e, através de brincadeiras e o uso da fantasias dirigidas, aumenta as oportunidades da criança encontrar alternativas para esses comportamentos inadequados, começando por atuar através de personagens que representa e depois generalizando para o ambiente em que vive.
A brincadeira permite à criança desenvolver as habilidades necessárias para o futuro pois fornece experiências de vida crítica que lhe proporcionam desenvolver-se como adulto confiante e competente.
MS Carla Susana Pereira