É com uma história que toda a aprendizagem começa. E é assente neste pressuposto que este ano no Colégio Europeu Astoria, um colégio privado em Lisboa, surgiram todos os projetos curriculares de sala, desde a creche ao jardim-de-infância.
Pois a tarefa de aprender a ler não começa no 1º ciclo, mas sim desde a entrada da criança para o infantário.
Qualquer criança, desde tenra idade observa e interpreta o mundo que a rodeia. “Ler” o mundo pela palavra escrita, oral, pela imagem ou pelo som é conhecer, interpretar e compreender o espaço físico, humano e mental em que qualquer criança se enquadra. Por isso, o desenvolvimento de atividades como cantar de canções, mimar as canções, ter contacto com lengalengas, com histórias, com livros físicos, com imagens reais, com texturas e paladares permite-lhes LER, e assim CRESCER A LER.
“…Tal como uma árvore é influenciada pelo solo no qual cresce, as raízes da literacia em maturação nas crianças pequenas respondem à variedade de
nutrientes no seu solo – o ambiente de linguagem escrita. “
Goodman, 1996:123.
É através da leitura do mundo que a criança faz, que ela cresce e se desenvolve, e nessa leitura a família e a escola desenvolvem um papel crucial para um bom desenvolvimento da criança. São eles que efetivamente fornecem à criança o material para ela ler o mundo, são eles que lhes fornecem as letras que formam as palavras que contam as histórias e os acontecimentos importantes que as crianças precisam ler.
Ler é um desafio complexo no desenvolvimento que se entrelaça com outras realizações do desenvolvimento: atenção, memória, linguagem e motivação; não é apenas uma atividade psicolinguística e cognitiva, mas também uma atividade social.
Snow, Adams et al (1998) apontam os primeiros 5 anos de vida como uma importante pré-condição para a literacia. Assim, antes de iniciar formalmente a leitura, há que construir as fundações: o conhecimento funcional de para que serve a leitura, os usos dos sistemas de escrita e o reconhecimento dos modos como a leitura/escrita e a fala se completam ou divergem.
Os conceitos das crianças sobre literacia formam-se desde a mais tenra idade, pela observação e interação com pessoas que leem e escrevem (Sulzby e Teale, 1991). A compreensão da criança relativamente à literacia é ampliada ou constrangida pelos modelos existentes de linguagem escrita e oral à sua volta. A amplitude, profundidade e natureza do envolvimento da criança com o escrito irá determinar grandemente a sua entrada na literacia.
Ora o ambiente físico da sala de creche e jardim-de-infância é o cenário para o desenvolvimento da literacia. Sem estar rodeada de escrita, é duvidoso que a criança se possa interessar por ela.
Deste modo, as paredes das salas do Colégio Europeu Astoria revestem-se desde o berçário ao jardim-de-infância de trabalhos e imagens acompanhados sempre da palavra escrita. Estão sempre ao alcance dos bebés e das crianças mais velhas livros, revistas, panfletos, Flash-cards que lhes permitem estar sempre em contato com a linguagem escrita.
É no aconchego da sua cama que a criança começa a ouvir pela primeira vez as letras que formam as palavras “Era uma vez…” e se deixam envolver pelas mesmas, fantasiar com elas e sonhar. Essas mesmas palavras voltam a ouvi-las no contexto da creche e jardim-de-infância e elas despertam a sua atenção para um mundo de descobertas. Nesse mundo cabe ao educador dar as pistas contextuais para o significado da escrita e para uma entrada bem sucedida na literacia.
Patrícia Vieira